Pesquisa revela que 93,3% dos idosos com 70+ moram em áreas com maior mobilidade urbana

Especialista em mercado imobiliário, Daniel Claudino, destaca como o público 60+ tem moldado o mercado imobiliário e valorizado bairros com infraestrutura, segurança e qualidade de vida


A Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios, divulgada pelo IBGE em 2025, mostra que a população idosa tem desempenhado um papel silencioso, mas decisivo na reconfiguração urbana brasileira. Segundo o levantamento, 93,3% das pessoas com 70 anos ou mais vivem em vias largas, o maior percentual entre todas as faixas etárias, e 36,7% residem em áreas com pelo menos cinco árvores. Esses números revelam uma preferência clara por regiões com melhor mobilidade, arborização e estrutura urbana, características que vêm redefinindo padrões de moradia e valorizando bairros planejados.

Segundo o especialista em mercado imobiliário Daniel Claudino, o envelhecimento da população já está moldando o comportamento do setor e a forma como as cidades se organizam. “A evolução da pirâmide etária impacta não apenas a construção de novas unidades habitacionais, cada vez mais preparadas para receber esse público com limitações de locomoção e necessidades específicas, mas também influencia diretamente a escolha e a apropriação de determinados bairros”, explica. Para ele, a preferência por áreas com acessibilidade, arborização e mobilidade reflete uma busca por autonomia com qualidade de vida.

Brasília é um exemplo concreto dessa tendência. Segundo Claudino, a quadra 316 Sul passou a ser ocupada majoritariamente por idosos justamente por oferecer ruas mais largas e unidades com plantas maiores. “O próprio perfil urbanístico da quadra, ainda que sua vocação original não fosse voltada à terceira idade, acabou por atrair pessoas com 60, 70 anos ou mais, justamente por essas características”, explica. Ele ressalta que esse tipo de organização comunitária reflete uma busca por autonomia, sem recorrer à institucionalização.

A tendência não é exclusiva do Brasil. Em diversas partes do mundo, modelos como cohousing e coliving têm sido adaptados às necessidades de públicos específicos, como idosos ativos ou mães solo. “Nesses formatos, as pessoas mantêm sua autonomia e liberdade de ir e vir, vivendo com outras que compartilham perfis, valores ou interesses semelhantes.”, acrescenta Claudino.

O envelhecimento da população está provocando impactos concretos no planejamento urbano, na dinâmica do setor imobiliário e na formulação de políticas públicas. “Trata-se, portanto, de uma mudança silenciosa, mas profunda, nas dinâmicas urbanas e de consumo, com impactos diretos sobre o planejamento urbano, o mercado imobiliário e as políticas públicas”, conclui Daniel Claudino.



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