BRASIL | JUSTIÇA - CASO HENRY: Após enterrar filho, mãe de Henry foi a salão de beleza na Barra da Tijuca.

 

Monique com o filho Henry Foto: Reprodução

No dia seguinte do enterro do filho, Henry Borel Medeiros, de 4 anos, no cemitério do Murundu, em Realengo, Monique Medeiros da Costa e Silva foi a um salão de beleza no Shopping Metropolitano, na Barra da Tijuca. No estabelecimento, que fica a cinco minutos de carro do condomínio Majestic, no Cidade Jardim, onde ela morava com o menino e o namorado, o vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, a professora realizou os serviços de manicure, pedicure e escova.

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Policiais levam boneco com o mesmo tamanho de Henry para reconstituição em apartamento Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Após ouvir 17 testemunhas no inquérito que apura a morte de Henry Borel, de 4 anos, o delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), aposta nas provas periciais para a conclusão da investigação. Além dos laudos da necropsia no corpo do menino, o material recolhido no apartamento onde ele dormia, em 8 de março, passa por exames minuciosos. Naquela madrugada, ele estava no imóvel com a mãe, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva, e o padrasto, Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, médico e vereador. Os celulares e computadores do casal e do pai da criança, o engenheiro Leniel Borel de Almeida, também foram apreendidos para análises.

Numa força-tarefa que une diferentes departamentos da Polícia Civil, os investigadores buscam esclarecer o que aconteceu na unidade 203 do bloco I do condomínio Majestic, no Cidade Jardim, na Barra da Tijuca. De acordo com depoimentos prestados por Monique e Jairinho, na 16ª DP, eles assistiam a uma série na televisão, quando, por volta das 3h30, encontraram Henry caído no chão, com olhos e mãos gelados e olhos revirados. Na última sexta-feira, dia 2, foi realizada a reprodução simulada no local.

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As pediatras que o atenderam na emergência do hospital Barra D’Or garantem que ele já chegou morto à unidade e com as lesões descritas pelo Instituto Médico-Legal (IML): hemorragia interna e laceração hepática, provocada por ação contundente, e equimoses, hematomas, edemas e contusões. Com quase duas décadas de experiência, a perita legista Gabriela Graça, que dirigiu o IML e hoje é responsável pelo setor de Antropologia Forense do órgão, é taxativa:

— A perícia é a sentença desse caso - diz a policial.

Ela explica que o profissional responsável pelo exame de necropsia assinou um segundo laudo complementar para dar mais subsídios aos investigadores. Gabriela diz que, caso ainda pairem questões não esclarecidas, uma possível exumação de Henry será avaliada. A medida é de caráter excepcional. Mas ela frisa que autoridades só tomarão tal medida se for extremamente necessária à elucidação do caso.

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Diretor do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), o perito criminal Denis Guimarães acrescenta que, nesse e nos demais inquéritos, a intenção é fazer com que os setores conversem para facilitar a busca pela verdade.

— Uma atuação conjunta, que alia investigação a provas técnicas, tende a ser mais eficiente na elucidação de um caso—, afirma Guimarães, que atua há 11 anos na área e acompanhou pessoalmente a reprodução simulada no Majestic, na quinta-feira.

São técnicos do ICCE que se debruçam sobre os 11 celulares e laptops apreendidos. Todos passam pelo processo de extração de dados no instituto.

Peritos coletam pistas

O apartamento onde Henry morava com a mãe e o padrasto foi vistoriado três vezes por equipes do IML e do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). Em depoimento prestado na 16ª DP, a faxineira que trabalhava para Monique e Jairinho disse que não foi informada sobre a morte do menino e, quando chegou ao imóvel, na manhã seguinte à tragédia, limpou o quarto no qual ele havia dormido. Mesmo assim, peritos conseguiram coletar amostras no cômodo para análises laboratoriais. Segundo uma fonte da investigação, foram usados materiais para a chamada limpadura de superfícies, e especialistas buscaram sinais que pudessem indicar se houve deslocamento de móveis.

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Por ordem judicial, o apartamento foi interditado por 30 dias. Na última segunda-feira, equipes do IML e do ICCE passaram o dia no local. Na quinta-feira, houve a chamada reprodução simulada no imóvel, durante a qual peritos usaram um boneco com o mesmo tamanho de Henry para encenar a narrativa apresentada por Monique e Jairinho a policiais. Chamado para participar do procedimento, o casal não compareceu.

Peritos também trabalham na extração de dados de celulares do vereador e da mãe do menino. Investigadores já sabem que mensagens foram apagadas de um aparelho de Jairinho horas após a morte de Henry.

Além de telefones, foram apreendidos computadores que eram usados pelo casal. O serviço de extração de dados, feito com um software de ponta, pode durar até uma semana, por conta da quantidade de dados que vêm sendo analisados. A expectativa é que peritos entreguem um laudo ao delegado Henrique Damasceno nos próximos dias.

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A necropsia do corpo foi início da investigação

Levado de carro pela mãe Monique e Dr. Jairinho, Henry deu entrada na emergência pediátrica do Barra D’Or antes das 4h do dia 8 de março. As profissionais de saúde do setor tentaram fazer manobras de reanimação, mas sua morte foi atestada às 5h42. Como se tratava de caso classificado como morte suspeita (acidente, suicídio ou homicídio), o hospital comunicou o fato à 16ª DP. O delegado registrou a ocorrência e gerou uma guia de remoção de cadáver.

A Defesa Civil foi acionada e levou o corpo do menino para o Instituto Médico-Legal. Lá, onde são realizadas até 30 necropsias por dia, uma equipe de médico legista e técnico de necropsia checou documentos médicos enviados e deu início ao procedimento. No caso da criança, não foi necessário o uso do scanner corporal, normalmente destinado a gerar fotografias que auxiliem, por exemplo, na busca de projéteis de armas de fogo.

O laudo foi assinado pelo perito legista Leonardo Huber Tauil. Nesse momento, entraram em ação os papiloscopistas policiais do Instituto Félix Pacheco (IFP), outro braço do Departamento-Geral de Polícia Técnica (DGPT). De acordo com o diretor do IFP, Márcio Pereira de Carvalho, os profissionais realizam a coleta das impressões digitais e se a família não apresentar documento contendo impressão digital, submetem as impressões digitais coletadas a um sistema de identificação por impressões digitais (AFIS).

Apartamento já passou por três perícias

O apartamento onde Henry morava com a mãe e o padrasto recebeu equipes do IML e ICCE por três vezes. No início da tarde do dia 8, o delegado Henrique Damasceno acionou a perícia de local. Em depoimento prestado na 16ª DP, a faxineira que trabalhava para Monique e Dr.Jairinho há cerca de dois meses, disse que não foi informada sobre a morte do menino e, ao chegar no apartamento, às 7h30, limpou os cômodos. Mesmo assim, os profissionais da polícia técnica periciaram o imóvel.

São usados equipamentos como trena, bisturi e cotonete estéril para fazer a chamada limpadura de superfícies. O perito observa ainda se houve movimentações e se os cômodos estão em desalinho. O responsável pela perícia pode assistir a imagens de câmeras, solicitar a presença de papiloscopistas e perito complementar. Por lei, o prazo para entrega do laudo é de 10 dias, mas a autoridade policial pode pedir perícia adicional.

Por ordem judicial, o imóvel foi interditado por 30 dias. Na segunda-feira, uma equipe do IML e do ICCE passou o dia no local. Na quinta-feira, houve uma reprodução simulada no apartamento. Nesse tipo de exame, os profissionais assistem, separadamente, à narração dos fatos por testemunhas ou pessoas envolvidas no inquérito. Com a ausência do casal, agentes representaram a mãe e o padrasto. Um boneco, usado no lugar de Henry, ajudou na encenação.

Quebra de sigilo de celulares e laptops

Dados telefônicos e telemáticos serão extraídos dos 11 aparelhos — do pai, da mãe e do padrasto de Henry — que foram apreendidos. A decisão judicial deferiu também a quebra dos sigilos dos nove celulares e dois laptops recolhidos nas casas de Leniel, no Recreio dos Bandeirantes, e de Monique e Jairinho, em Bangu. Os aparelhos já estão com os profissionais do serviço de áudio e imagem, do setor de perícia de informática do ICCE, onde parte da equipe tem formação em TI.

Eles são os responsáveis por conectar os telefones e computadores alvos de mandados de busca e apreensão a um software com tecnologia de ponta instalado nas máquinas do instituto. O serviço de extração de dados, dependendo da quantidade de informações contidas nos equipamentos, pode ser feito em horas ou levar até uma semana. Conteúdos apagados também podem ser recuperados.

A partir daí, é gerado um laudo dos equipamentos examinados, com as características encontradas neles. O programa também emite uma espécie de espelho com o material contido nos eletrônicos, devidamente separado por fotos, aplicativos de conversa e agenda, entre outros. Tudo é gravado digitalmente, em DVDs ou pen drives, e entregue ao delegado responsável pelas investigações.

Ela foi atendida por três profissionais, totalizando R$ 240 em serviços. Monique frequenta o local desde que se mudou, em novembro do ano passado, dois meses após conhecer o vereador durante um almoço profissional no Village Mall. Eles começaram a namorar em setembro e logo escolheram o apartamento 203 do bloco I do Majestic para dividir com a criança.

Em depoimento prestado na delegacia, Monique contou que, às 3h30 do dia 8, ela e Jairinho encontraram Henry caído no chão com mãos e pés gelados e olhos revirados. Ela disse acreditar que o filho pode ter acordado, ficado em pé sobre a cama, se desequilibrado ou até tropeçado no encosto da poltrona e caído no chão.

O menino Henry Foto: Reprodução

O casal então teria se arrumado e o levado ao Hospital Barra D’Or. Médicas pediatras que atenderam o menino na emergência, no entanto, garantem que ele já chegou morto e com as lesões descritas no laudo de necropsia. Os documentos apontam hemorragia interna e laceração hepática, provocada por ação contundente, e que seu corpo apresentava equimoses, hematomas, edemas e contusões.

Convicção: Pai diz não ter dúvida do envolvimento de Dr. Jarinho na morte do menino Henry

O engenheiro Leniel Borel, de 37 anos, pai do menino Henry, morto na madrugada do último dia 8, aos 4 anos, contou que o seu advogado vai entrar como uma petição nesta segunda-feira, pedindo para ele ser ouvido novamente pelos policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca), que está investigando o caso. Ele disse que até agora só foi ouvido no dia da morte do menino e quer colaborar com novas informações. Em entrevista à revista Veja, que foi para as bancas neste fim de semana, Leniel diz não ter dúvida do envolvimento do médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho.

“Não tenho dúvidas de que Dr. Jairinho é culpado. Naquela noite no hospital, ele ficava junto aos médicos que tentaram salvar Henry o tempo todo. A princípio eu achava que era porque também era médico, mas agora percebo que era para acobertar o que realmente aconteceu. Ele é muito frio. Assim que foi decretado o óbito do meu filho, Dr. Jairinho chegou perto de mim e, na frente de uma pessoa da igreja que frequento e de uma amiga minha, disse: Vamos virar essa página, vida que segue. Faz outro filho”, disse o engenheiro à publicação.

Ouvido pelo EXTRA neste sábado, Leniel confirmou o que disse à revista. O engenheiro afirmou que desde o começo desconfiava do parlamentar, mas não falou isso antes para a imprensa porque estava esperando ser procurado de novamente pela polícia, o que não aconteceu. Ele contou que a luz amarela acendeu quando soube que o vereador foi dirigindo para o hospital, na madrugada em que o garoto morreu, enquando a mãe, Monique Medeiros, de 33, fazia respiração boca-a-boca, sem qualquer experiência com primeiros socorros.

— Eu conheci o Jairinho como médido. Então era para ser o contrário — questionou, acrescentando ter estranhado também que ao receber o laudo soube que a causa da morte foi laceração hepática e hemorragia interna provocada por ação contundente.

Ele contou ainda à revista que a ex-mulher também fez pressão para que o enterro fosse acelerado. Segundo relato do engenheiro, enquanto ele tratava dos trâmites burocráticos junto ao Instituto Médico Legal (IML) e na delegacia, teria recebido ligações e mensagens da mãe do menino pedindo para que ele agilizasse os procedimentos para que o filho fosse sepultado rápido e com o caixão fechado. Ele teria respondido que o filho teria velório e que tinha direito a dar um último beijo nele. Ele cobra Justiça

— Espero que a polícia faça o trabalho dela. Não é fácil para um pai saber que o filho foi morto dessa forma. Estou vivendo um inferno. Não consigo dormir nem trabalhar.

Leniel disse também não entender como a mãe do menino, Monique Medeiros, de 33 anos, continue defendendo o namorado, com quem vive há três meses. Ele acredita que ela esteja sendo pressionada ou ameaça de alguma forma para isso, assim como outros membros da família, como a avó do menino, com quem disse que tinha um excelente relacionamento até a morte do garoto:

— Desde o sepultamento, a família não fala comigo. Não sei se estão sofrendo pressão ou ameaça.

O engenheiro contou que depois da morte do filho foi procurado uma uma ex-namorada e uma mulher que trabalhou para o vereador que teriam relatado agressões a outras crianças.

A defesa de Dr. Jairinho foi procurada por telefone e por mensagem, mas ainda não se manifestou.

Procurado pelo EXTRA, o advogado André França Barreto, que representa Jairinho e Monique, não quis comentar a ida de Monique ao salão de beleza.

FONTE: NOTICIAS.R7.COMEXTRA.GLOBO.COM

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REDAÇÃO DO GRUPO

 

ANDERSON MIRANDA

Administrador, Jornalista, Gestor Imobiliário. Especialista em Avaliação Imobiliária. Perito Avaliador do TJDFT. Editor-Chefe Grupo M4. Diretor-Proprietário da M4 Adm. Imobiliária Comunicação e Marketing Ltda. Jornalista e Fotógrafo - DRT 12.802/DF. Sites: https://grupom4.com.br, https://tribunadobrasil.com.br e https://andersonmiranda.com.br.

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