Saúde mental infantil: unidade oferece cuidado e transforma vidas

Centro especializado do DF atua há mais de cinco décadas acolhendo crianças, apoiando famílias e formando profissionais comprometidos com o futuro

Centro de Orientação Médico-Psicopedagógica (Compp) completa 56 anos de história e atende cerca de 1,2 mil crianças por mês. A unidade oferece atendimento a pacientes de até 11 anos em sofrimento psíquico moderado ou em uso eventual de substâncias psicoativas.

Cerca de 1,2 mil crianças são atendidas por mês no Centro de Orientação Médico-Psicopedagógica (Compp) da Secretaria de Saúde (SES-DF). Nesta quinta-feira (23), a unidade completa 56 anos de história. A unidade oferece atendimento ambulatorial a pacientes de até 11 anos em sofrimento psíquico moderado ou em uso eventual de substâncias psicoativas.

O pequeno Gael, 5, é atendido na unidade. Ele foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A mãe, Suellen Brasil, relata que o Centro foi um divisor de águas na vida da família. "Quando eu recebi o diagnóstico de TEA do Gael, eu fiquei perdida, me senti desamparada e considero que as sessões do Compp fizeram toda a diferença. Eu me senti mais segura nas tomadas de decisões com o Gael, pois tive a oportunidade de participar de um grupo de apoio. Lá eles fizeram todos os encaminhamentos necessários e sou muito grata por isso e por todo atendimento que recebemos", explica.

O acesso ao serviço se dá por meio de regulação feita pela Atenção Primária, quando os usuários preenchem alguns critérios como humor deprimido, ansiedade intensa, sofrimento psíquico, entre outros.

A gerente do Compp, Simone Schwartz, ressalta o diferencial da unidade. "Acredito na força desta equipe e reforço que o que sempre nos diferenciou foi a prática interdisciplinar, a escuta cuidadosa e a construção coletiva de soluções para nossas crianças e familiares. O trabalho do Compp é uma prova de que, quando o cuidado é coletivo, a vida pode seguir novos caminhos, com mais afeto, segurança e possibilidades", afirma a gestora.

Mais do que um centro de saúde mental, o Compp é um lugar de escuta, acolhimento e construção de possibilidades, onde uma equipe multiprofissional realiza desde atendimentos individuais e grupos terapêuticos até mutirões para elaboração de laudos e realização de exames especializados.

A equipe é composta por 38 profissionais de diversas áreas, incluindo médicos pediatras, neuropediatra, psiquiatras infantis, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, terapeuta ocupacional, nutricionistas, fonoaudiólogos, psicólogos e assistente social. Todos trabalham de forma integrada para oferecer um cuidado humanizado e baseado em evidências, atuando como retaguarda essencial à Atenção Primária em Saúde.

Formação e conhecimento

O impacto do Compp vai além do atendimento clínico. O centro também é um importante espaço de formação e conhecimento, recebendo estudantes de medicina, residentes multiprofissionais e estagiários da Escola Superior de Ciências da Saúde do Distrito Federal (Escs). As ações de matriciamento realizadas pelos profissionais fortalecem a rede do Sistema Único de Saúde (SUS) e qualificam o cuidado em saúde mental oferecido às crianças e suas famílias.

Ao longo de sua trajetória, o Centro de Orientação Médico-Psicopedagógica tem levado o nome da SES-DF para eventos científicos nacionais e internacionais, com trabalhos premiados e reconhecidos por sua relevância social. Seus profissionais publicam artigos, livros e contribuem para a produção de conhecimento em saúde mental infantojuvenil, um campo fundamental para o futuro da sociedade.

Nesta quinta-feira (23), a equipe do Centro comemorou o aniversário da unidade. Programação contou lanche, música e muitas atividades para servidores e comunidade

Práticas Integrativas

Outro diferencial do serviço são as Práticas Integrativas em Saúde (PIS), como Hatha Yoga, Tai Chi Chuan e meditação, que promovem o bem-estar, previnem agravos e fortalecem vínculos terapêuticos. Essas atividades refletem a essência do Compp: olhar a criança em sua totalidade, corpo, mente e contexto social, e construir caminhos de cuidado em parceria com suas famílias.

Como ter acesso

O acesso ao serviço se dá por meio de regulação feita pela Atenção Primária, quando os usuários preenchem alguns critérios como humor deprimido, ansiedade intensa, sofrimento psíquico, entre outros. Após a avaliação e estratificação do risco, os pacientes recebem um plano de cuidado e, uma vez estabilizados, são contrarreferenciados à Atenção Primária para continuidade do acompanhamento. O processo inclui ainda a articulação da rede intersetorial para o cuidado em saúde mental, garantindo uma atenção integral e contínua.