Em um cenário de alta demanda por Inteligência Artificial, o CTO da NAVA aponta as soluções para um desenvolvimento responsável, blindando as empresas para o valor real e a inovação com confiança

São Paulo, agosto de 2025 – Em um cenário onde a Inteligência Artificial (IA) se consolida como motor da transformação digital, cresce também a exigência por abordagens responsáveis e transparentes. Para as empresas, a ética na IA não é apenas uma exigência moral: é um elemento-chave de confiança, aceitação social e sustentabilidade dos negócios.
A ausência de diretrizes claras pode comprometer não só o desempenho técnico das soluções, mas também sua legitimidade diante de clientes, reguladores e da sociedade. É nesse contexto que Fabiano Oliveira, CTO da NAVA, defende práticas estruturadas de desenvolvimento ético desde a concepção dos sistemas.
“Mitigar vieses não é apenas uma responsabilidade ética, mas uma necessidade estratégica para reduzir riscos reputacionais, promover equidade e viabilizar inovação confiável em mercados altamente regulados”, afirma Oliveira.
Ele destaca sete pilares essenciais para o desenvolvimento de IA responsável, capazes de blindar sistemas contra vieses e falhas éticas. Confira:
1. Diversificação dos datasets
A origem de muitos vieses está na própria composição dos dados de treinamento. Para reduzir esse risco, é essencial construir conjuntos de dados representativos de diferentes grupos sociais, geográficos, culturais e econômicos.
“A diversidade na base de dados é um pré-requisito para promover decisões mais justas e reduzir o risco de discriminação algorítmica”, destaca Oliveira.
2. Técnicas fairness-aware no pré e pós-processamento
Métodos como reamostragem, ponderação e balanceamento estatístico permitem corrigir desequilíbrios na distribuição dos dados antes e depois do treinamento do modelo. São estratégias fundamentais para mitigar distorções que afetam a equidade dos resultados.
3. Ferramentas especializadas de justiça algorítmica
Existem soluções atualmente que permitem identificar, quantificar e explicar decisões algorítmicas. Ainda que possuam limitações, são úteis para tornar os modelos mais transparentes e auditáveis.
“Essas ferramentas não são perfeitas, mas ajudam a lançar luz sobre decisões opacas, sobretudo em contextos de alto impacto social como saúde, crédito e justiça.”
4. Auditoria técnica e multidisciplinar
Auditorias devem ser integradas ao ciclo de vida da IA, avaliando critérios como precisão, robustez, justiça e impacto ético. O ideal é que essas avaliações sejam conduzidas por equipes multidisciplinares — envolvendo especialistas em ética, direito, engenharia e o domínio de aplicação.
“Em modelos de alto impacto, essa auditoria deve ser frequente e, preferencialmente, contínua.”
5. Governança de dados eficaz
A governança de dados não se limita a requisitos técnicos. Envolve políticas claras para coleta, curadoria, revisão humana e tratamento de casos extremos (edge cases), com aderência a marcos legais como a LGPD e o GDPR.
“Sem governança, os sistemas podem ser contaminados por conteúdo nocivo ou perpetuar injustiças já presentes nos dados.”
6. Transparência e prestação de contas
Modelos devem ser documentados com clareza: fontes de dados, lógica de funcionamento, limitações e métricas de desempenho devem ser acessíveis para auditoria e explicação. Isso fortalece a accountability e é crucial para setores regulados.
7. Ética desde a concepção
Princípios éticos devem estar presentes desde o design. Isso inclui envolver equipes diversas, aplicar técnicas como Privacy e Fairness by Design, e incorporar mecanismos de supervisão humana em decisões críticas.
“Projetos eticamente orientados não apenas reduzem riscos, mas criam valor de longo prazo, fortalecendo a reputação institucional e preparando as empresas para ambientes regulatórios cada vez mais exigentes”, conclui Oliveira.
A construção de um ecossistema de IA seguro e justo não depende apenas de boas intenções ou tecnologias avançadas. Requer responsabilidade corporativa, governança clara e um compromisso real com a equidade e a transparência.
Empresas que reconhecem esse novo pacto social da tecnologia e agem com responsabilidade saem na frente — não apenas por atenderem a exigências legais, mas por conquistarem a confiança de clientes, parceiros e da sociedade.