Iniciativa é realizada com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal e visa resgatar mulheres por meio da Arte. Apresentações são gratuitas
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Realizar cursos de dança e atendimento psicológico gratuitos direcionados a mulheres vítimas de violência, de abuso físico, verbal, transtorno emocional, mulheres com câncer, depressão, ansiedade. Baseada em sua história de vida, de luta e resistência, a multiartista Shaiene Santana criou, em 2021, o projeto Mulheres Seguras. A iniciativa visa resgatar e acolher mulheres por meio da 3ª Arte. O projeto voltou em 2025 com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal – FAC/DF e com os mesmos motes. A 4ª edição do Mulheres Seguras vem atendendo essas mulheres por meio de cursos gratuitos que envolvem, para além da dança, integração e socialização no Instituto Candango de Artes, em Ceilândia.
Agora, o corpo de baile com mais de 100 mulheres se junta para apresentar o resultado do processo de oficinas que começaram em março de 2025 em dois espetáculos autorais e o Balé “Carmen”. “Identidade e Propósito” será apresentado dia 11 de julho, às 19h30, no Teatro Sesc Newton Rossi de Ceilândia e “Memórias Afetivas” no dia 13 de julho, às 16h, também no local. Já “Carmen” abrirá as duas sessões nos dois dias. Gratuito. Livre para todos os públicos. Mais informações no Instagram: @projetomulheresseguras.
Diretora e coreógrafa, Shaiene Santana se orgulha do resultado do projeto que contou com relatos emocionantes de dezenas de mulheres que agora se preparam para subir ao palco para dançar as suas histórias.
“Nós mulheres muitas vezes nos perdemos pela vida por estarmos sempre suprindo o outro e esquecendo de nós mesmas e dos nossos sonhos. A mulher é mãe, filha, trabalhadora, esposa, cozinheira, multitarefas. E nossos sonhos e identidade ficam esquecidos ou são calados. O Mulheres Seguras visa resgatar por meio da Arte esses sonhos. Estou muito emocionada com o resultado”, declara Shaiene.
E todos esses motes estarão presentes nos espetáculos. “Identidade e Propósito” fala sobre essa identidade esquecida e sobre o processo de ressignificação. A produção conta com uma trilha sonora de mulheres que servem de exemplo de vida como Alcione, Adele, Beyoncé e Whitney Houston. “Dançamos com um toque de feminilidade e mostramos que podemos continuar a ser mulher sem ser sacrificada”, destaca a diretora.
Já “Memórias Afetivas” mescla temas como infância, honra, gratidão a Deus. A produção visa ressignificar as memórias afetivas de cada mulher que dançará no palco. O espetáculo contará com a presença da cantora negra Marielhe Maboh e do maestro Gilmar Pereira.
“Nessa produção trazemos também a minha mãe para cena. A história dela ativou várias curas, principalmente a minha. O que digo para essas mulheres é para não desistirmos. Temos que continuar sonhando e aprendendo a identificar casos de abusos antes que eles aconteçam. Apesar de saber que precisar ser inteira para nós mesmas, desejamos não terceirizar nossa felicidade”, exclama.
Abertura - Baseado na ópera “Carmen”, de Georges Bizet, o Balé “Carmen” abre as sessões nos dois dias. A produção traz a eterna cigana Carmen e todos os seus ensinamentos sobre a liberdade de amar e o combate ao feminicídio. “A ópera foi tema do PAS em 2024 e será em 2025 também. E vamos trazer para cena, para a dança, essa mulher livre, potente, que merece amar quem ela quiser”, finaliza Shaiene.
Sobre o projeto- Mulheres Seguras nasceu da história de Shaiene Santana que, após vencer um histórico de abuso na infância, câncer no colo do útero, depressão e ansiedade, após o divórcio, decidiu não terceirizar sua felicidade e iniciou uma jornada de autoconhecimento através da dança que é sua área de formação.
Ela usou a dança como desabafo e caminho para melhorar a autoestima e segurança, construindo uma força que podia motivar outras mulheres a transformar suas histórias de insegurança de igual forma.
A professora e bailarina Shaiene Santana observou ao longo do seu crescimento que a história de sua mãe, também não foi uma história nada fácil. Uma mulher que foi violentada por parentes e que também foi feita refém por bandidos e violentada por uma noite inteira, gerou Shaiene através de um estupro. “Essa mulher não desistiu de gerar, não abandonou a filha e se tornou uma secretária executiva valente que cuidou e ensinou suas filhas, Shaiene e Sâmya, que mesmo em meio as falhas, era possível que fossem gentis, doadoras e que abençoassem a todos quanto pudessem”, conta, emocionada.
E a parceria das irmãs de alma e vida não apenas rendeu projetos, como também gerou o Instituto Candango de Artes. O local é um centro de dança localizado na Ceilândia que nasceu com o propósito acolhedor, de resgatar e fortalecer a autoestima. A escola, criada em 2010, foi reconhecida pela excelência de seus serviços e pelo Conseil International de la Danse (CID), uma organização oficial da UNESCO.