A ideia nasceu durante uma sessão de laserterapia no Instituto de Cardiologia e Transplante do DF. Após vencer a recidiva de um linfoma de Hodgkin e passar por um transplante de medula óssea, Marco Antônio saltou em Anápolis com dentista, enfermeiras e familiares para celebrar a vida.

No último sábado, 14 de junho, o céu de Anápolis (GO) foi palco de uma cena emocionante: o paciente Marco Antônio, curado de uma recidiva de linfoma de Hodgkin, saltou de paraquedas para comemorar a vida ao lado da equipe multiprofissional que o acompanhou durante o tratamento. O salto aconteceu no centro de paraquedismo Skydive Cerrado, onde Marco foi calorosamente acolhido pelos instrutores, amigos, familiares e profissionais de saúde que compartilharam com ele cada etapa dessa jornada.
A história que culminou nesse salto tem início no Instituto de Cardiologia e Transplante do Distrito Federal, referência em transplantes e cuidados oncológicos. Durante uma sessão de laserterapia preventiva para mucosite — tratamento essencial para mitigar os efeitos colaterais das quimioterapias — a dentista responsável, Rainne Del Sarto, comentou, com naturalidade, que saltava sozinha de paraquedas. O comentário virou promessa: "Quando você estiver curado, vamos saltar juntos para comemorar a vida." Marco sorriu, animado, e fez questão de incluir nessa futura celebração todos que estiveram ao seu lado no enfrentamento da doença.
E assim foi. Após meses de um tratamento intenso, que incluiu quimioterapia de alta complexidade, controle rigoroso de infecções e um transplante de medula óssea autólogo, Marco venceu o câncer. Ele não esqueceu da promessa. Reuniu sua dentista, enfermeiras e familiares e os levou ao céu para agradecer.
O linfoma de Hodgkin, tipo raro de câncer que atinge o sistema linfático, é desafiador especialmente quando reaparece. A recidiva, como foi o caso de Marco, exige protocolos ainda mais agressivos e acompanhamento contínuo. Nesse processo, o papel da equipe multiprofissional é decisivo: médicos, dentistas, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos atuam em sinergia para garantir o suporte físico e emocional ao paciente.
A odontologia hospitalar, muitas vezes invisível aos olhos do público, foi fundamental no sucesso do transplante de Marco. O cuidado bucal pré e pós-transplante é crucial, pois infecções orais podem comprometer gravemente o tratamento e a recuperação. A laserterapia, por exemplo, ajuda a prevenir e tratar a mucosite oral, condição dolorosa e comum nesses pacientes, que pode limitar até mesmo a alimentação e impactar a qualidade de vida.
A dentista que inspirou o salto também celebrou a experiência: "Nunca imaginei que uma conversa tão simples viraria um momento tão simbólico. É sobre isso: ir além do cuidado técnico, criar vínculos, renovar esperanças."
A equipe do Instituto de Cardiologia e Transplante do DF, que acompanhou de perto todo o processo, celebrou o momento com emoção. O salto não foi apenas um gesto de comemoração, mas uma homenagem à força da vida, à ciência e ao trabalho humano e sensível por trás de cada cura.
No céu de Anápolis, Marco e seus cuidadores voaram juntos — e provaram que, quando se trata de enfrentar o câncer, ninguém salta sozinho.