Rio Grande do Sul: MSF foca em populações ainda mais vulneráveis no apoio a vítimas da catástrofe

Equipes atendem pacientes de comunidades em áreas isoladas e levam medicamentos, alimentos e água.


“A situação é devastadora. Quando chegamos e percorremos a região de helicóptero, observamos as cidades do alto e vimos que, em alguns casos, não era possível ver nem o telhado das casas. São quilômetros e quilômetros de água”.

O relato da coordenadora médica de Médicos Sem Fronteiras, Rachel Soeiro, mostra o impacto de uma catástrofe de proporções jamais vistas no Brasil, mas que também impressiona alguém que, como ela, já atuou em diferentes contextos de desastres em outras partes do mundo. “Já trabalhei em vários países com MSF e nunca tinha visto algo assim. É desesperador ver a dimensão dessa catástrofe.”

As chuvas extremas que assolam o Rio Grande do Sul inundaram, isolaram e forçaram a evacuação de cidades inteiras. Destruíram estradas, derrubaram pontes, entre os inúmeros danos causados à infraestrutura local. Acima de tudo, causaram perdas humanas irreparáveis. Segundo dados ainda provisórios, mais de 150 pessoas morreram e cerca de 100 estão desaparecidas.

Mais de 2 milhões de pessoas foram impactadas e mais de 600 mil estão desalojadas. Abrigos foram improvisados em diversas cidades para receber aqueles que não sabem quando ou mesmo se poderão voltar para suas casas.

Apoio de MSF durante a emergência

Equipes de MSF estão no Rio Grande do Sul apoiando as vítimas da emergência. Estamos colaborando com as autoridades de saúde para facilitar a entrega de medicamentos, água e alimentos em áreas remotas, além de realizar consultas médicas. O acesso está sendo feito de helicóptero, porque os deslocamentos se tornaram especialmente complexos devido à grande quantidade de estradas interditadas.

“Levar atendimento às pessoas que se encontram em uma situação ainda mais vulnerável é uma das principais preocupações de MSF em situações como essa”, explica Rachel. “Muitas vezes a população desses locais já enfrenta situações de vulnerabilidade no dia a dia. Com a emergência, esse cenário se intensifica, as necessidades aumentam e o acesso a essas pessoas se torna mais difícil”, afirma ela.

É o caso da comunidade Guajayvi, no município de Charqueadas, que estava há mais de dez dias isolada e sem assistência. Em colaboração com o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) e a Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), MSF esteve nessa e em outras comunidades para levar medicamentos, mantimentos e realizar consultas médicas.

No município de Canoas, estamos montando duas clínicas móveis, com equipes formadas por médicos, enfermeiros, psicólogos e promotores de saúde, que iniciarão o atendimento médico e de saúde mental em abrigos da região nos próximos dias.

Além disso, oferecemos capacitação de maneira remota em saúde mental e apoio psicossocial para 115 profissionais de diferentes áreas nos municípios de Santa Maria e Uruguaiana, que estão prestando apoio a pessoas impactadas pela tragédia. O trabalho de saúde mental no estado vai continuar sendo um dos focos das atividades de MSF, paralelamente às atividades médicas.

“Sabemos, pela nossa experiência, que há uma enorme necessidade de saúde mental e apoio psicossocial em contextos de emergência. As necessidades deste apoio vêm da população, dos profissionais que estão na linha da frente e dos espaços de coordenação de atividades”, afirma o coordenador de saúde mental de MSF, Álvaro Palha.

MSF já havia implementado um projeto de saúde mental para apoiar as vítimas do desastre socioambiental enfrentado no ano passado no Rio Grande do Sul. Entre setembro e novembro de 2023, MSF lançou uma resposta emergencial para ajudar pessoas afetadas por um ciclone e por enchentes em cidades no vale do Taquari, região que infelizmente voltou a ser afetada pelas inundações ocorridas neste mês.

Durante cerca de três meses, fornecemos treinamento para psicólogos locais, equipes de saúde, educação e assistência social, além de kits de higiene e outras atividades de promoção da saúde para as pessoas que tiveram de se mudar para abrigos. Infelizmente as inundações recentes voltaram a afetar o vale do Taquari e MSF já realizou algumas visitas para levar assistência a cidades da região.
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