Janeiro Branco: saiba como a saúde mental reflete em diferentes problemas no corpo


A campanha Janeiro Branco chama a atenção para a importância dos cuidados com a saúde mental, e como essa questão reflete no surgimento de diversas outras doenças. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o segundo país das Américas com maior número de pessoas depressivas, equivalentes a 5,8% da população, atrás apenas dos Estados Unidos, com 5,9%. A depressão é uma doença que afeta 4,4% da população mundial. O Brasil é ainda o país com maior prevalência de ansiedade no mundo (9,3%).

Para a psicóloga do corpo clínico do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor), Marianna Cruz, é preciso incentivar cada vez mais as pessoas a procurarem ajuda porque, em muitas situações, as pessoas que possuem algum transtorno psiquiátrico sentem vergonha por causa do estigma atrelado à doença.

"O próprio indivíduo precisa saber o valor da sua saúde mental. O impacto do adoecimento emocional pode ser devastador. Pois a saúde mental é aquilo que gerencia nossas vidas, nossas relações, nosso amor-próprio e a forma como lidamos com os problemas e adversidades que surgem ao longo da vida. Sem saúde mental nós não conseguimos cuidar de coisas importantes como o lado físico, e acabamos deixando de lado comportamentos saudáveis como a própria alimentação. É uma retroalimentação... quanto mais cuido de mim, mais me sinto apto a vivenciar de maneira equilibrada as relações e situações da vida cotidiana", explica a psicóloga.

Consequências dos problemas emocionais no funcionamento do coração

Para o cardiologista intervencionista do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor), Ernesto Osterne, o estresse é um fator de risco relevante para o desenvolvimento de várias doenças cardiovasculares, que podem trazer impactos a longo prazo na qualidade de vida, se não tratadas.

"Nós acreditamos que as repercussões geradas pelo estresse podem desencadear diversos sintomas, desde mal estar, cansaço, falta de ar e palpitações, a episódios de dor no peito, que chamamos de angina e, se persistentes, em alguns casos, pode até evoluir para o infarto agudo do miocárdio", explica o cardiologista.

Segundo o médico, existem diversas ações que podem ser adotadas para amenizar repercussões psicológicas e evitar que estas provoquem o surgimento de problemas cardíacos. O especialista destaca que entre as principais medidas preventivas estão a manutenção de bons hábitos alimentares, uma boa qualidade do sono, a prática regular de exercícios físicos, o cuidado com a saúde mental com bons hábitos (meditação, boas leituras, etc.). "Todas essas ações, quando realizadas de maneira adequada e de forma equilibrada, podem contribuir para reduzir de forma expressiva o impacto do estresse sob o corpo e a mente. Mesmo para os indivíduos que as realizam de maneira rotineira, o agendamento de consultas periódicas com um especialista é extremamente importante para o mapeamento de eventuais sintomas", conta.

Quando a pele, maior órgão humano, reflete e externaliza os fatores emocionais em doenças de pele

Já não é mais novidade a conexão evidente entre a pele e o cérebro, mesmo sendo uma questão pouco lembrada. O maior órgão do corpo tem origem na mesma fonte de células da qual se forma o sistema nervoso. Não é por acaso, portanto, que, a partir do momento em que passamos a colecionar vivências, algumas delas estressantes ou traumáticas, as emoções possam reverberar à flor da pele. Alguns dos principais sintomas: coceira, irritação, manchas esbranquiçadas, placas avermelhadas e queda de cabelo são algumas das manifestações de doenças cutâneas que, em comum, são impulsionadas ou agravadas por condições como ansiedade e depressão.

De acordo com a dermatologista Paula Luz, da clínica Luz em Brasília, após o período de isolamento da Covid-19, os médicos que cuidam da derme redobraram a atenção para a influência do estado mental em pacientes com diagnóstico de psoríase, dermatite atópica ou vitiligo.

“O estresse é um fator comum para desencadear alguns dos mais recorrentes problemas de pele relacionados às emoções, como a dermatite atópica, processo inflamatório identificado por lesões avermelhadas na pele que coçam muito e podem descamar, ou a psoríase, doença inflamatória crônica caracterizada por escamas e manchas secas. Um quadro muito comum em consultórios, a urticária, irritação da pele que pode surgir de repente em qualquer lugar do corpo, pode ser agravada em momentos de estresse e ansiedade. O vitiligo, caracterizado pelas manchas brancas por conta da redução ou falta de melanina em diversas regiões do corpo, pode ser desencadeado por causas emocionais, para quem já tem pré-disposição”, conta a dermatologista.

Como prevenção e ajuda na melhora do quadro das doenças, as atividades físicas podem auxiliar a diminuir o estresse e a ansiedade. “As pessoas podem descansar nos finais de semana, ter um tempo com a família e amigos, ter uma noite boa de sono e cuidar da saúde mental”, explica a profissional.

Fora isso, o tratamento é individualizado e pode até ser associado a técnicas complementares, integrando diversas abordagens terapêuticas para atender às necessidades do paciente. Cada tratamento depende de um profundo entendimento dos fatores pessoais que podem afetar o curso da doença, a aceitação do que é proposto e, finalmente, a obtenção da saúde e do bem-estar desejados.
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