Mais de 20 tipos de câncer são relacionados à obesidade infantil



A conscientização contra a obesidade infantil é fundamental já que a doença é o segundo maior fator de risco evitável para o câncer


“Hábitos alimentares inadequados e estilo de vida sedentário são alguns dos principais fatores que resultam na origem da obesidade”, afirma a médica oncologista clínica, Milena Aparecida Coelho Ribeiro. Segundo a pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) do Ministério da Saúde, a prevalência de pessoas obesas no País subiu de 11,8% em 2006 para 20,9% no ano passado. Significa que dois a cada 10 brasileiros estão obesos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a Pesquisa de Orçamentos Familiares, realizada no Brasil em 2008/2009, revelaram que 33,5% das crianças de 5 a 9 anos e 21,5% dos adolescentes de 10 a 19 anos estavam com excesso de peso.

Para Milena Ribeiro, um indivíduo obeso na infância e na adolescência tem grande risco de permanecer acima do peso na fase adulta. Como consequência, segundo a oncologista, pode sofrer uma redução na expectativa de vida por causa do aumento da probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares, psiquiátricas, metabólicas e oncológicas, entre outras patologias associadas ao peso elevado.




Milena Ribeiro - Foto: João Batista.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), em sua Estimativa 2020 – Incidência de Câncer no Brasil, o País terá 625 mil novos casos a cada ano no triênio 2020-2022. A obesidade estará entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento de 11 dos 19 tipos mais frequentes de tumores na população brasileira, conforme a publicação. O Inca alerta que comportamentos não saudáveis como fumar, consumir bebidas alcoólicas, sedentarismo e manter dieta pobre em vegetais também aumentam o risco de 10 tipos da doença.

Milena Ribeiro aponta que mais de 20 tipos de câncer são relacionados à obesidade infantil e de 30% a 35% dos tumores são ligados aos fatores obesidade, dieta e sedentarismo. “A obesidade infantil tem sérias consequências para a vida adulta, por isso é fundamental dar importância aos alimentos consumidos pelas crianças. A atenção deve estar diretamente ligada no que elas comem”, aconselha.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que cerca de 30% dos casos de ocorrência de qualquer tipo de câncer estão relacionados à obesidade – e poderiam ter sido evitados com um estilo de vida mais saudável, incluindo alimentação equilibrada e prática de atividades físicas.

Carnes processadas – linguiça, salsicha, bacon, presunto – são consideradas pela OMS categoria 1 de carcinogênicos. Refrigerantes e sucos também apresentam risco, pela grande quantidade de açúcar. E gorduras, frituras e doces também devem ser evitadas


A oncologista ressalta que uma alimentação rica em frutas, legumes, verduras, cereais, grãos e outros alimentos não processados, associada a atividade física, sono equilibrado e tirar as crianças dos longos períodos da frente das telas já são algumas medidas para promover conscientização contra a obesidade infantil e as consequências da doença na vida adulta. “Apesar da data ser lembrada no dia 3 de junho, a prevenção deve ser constante, um hábito na vida de toda família”, reflete Milena Ribeiro.
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